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ainda existem lugares sem grades: Nova Zelândia (ou "de como nós, brasileiros, somos incompetentes...")

Sou brasileira de carteirinha. Adoro morar no Brasil e não gostaria de ter nascido em nenhum outro lugar do mundo (e posso dizer isso com segurança porque já conheci muitos lugares deste mundo para poder dizer isso). Também não queria morar em nenhum outro lugar (pelo menos não mais que uns 6 meses...). Mas estou me sentindo enojada. E isso depois de uma simples caminhada pela cidadezinha de Taupo, no interior da Ilha Norte da Nova Zelândia.


Em Taupo, uma cidadezinha, como eu disse, de 20 mil habitantes (tipo Arroio Gande, para quem é gaúcho ter noção), tem um restaurante italiano ao lado de um restaurante tailandês que fica colado num restaurante indiano (dos 3 indianos que eu vi numa curta caminhada). Também passamos por um MacDonald's, um Subway, um Burguer King e um Wendy's, que eu lembre. Um take away de kebabs também. Lojas, muitas lojas, lindas, do tipo que não existe em Pelotas ou em Caxias do Sul, talvez Porto Alegre se aproxime...



Nesta mesma cidadezinha, que é linda demais, totalmente voltada para o lago (Jaguarão e Porto Alegre até hoje não conseguiram se voltar para o rio...), assim como em todas as outras pelas quais passamos, a acessibilidade é total. Não existe uma esquina sem rampa para cadeira de rodas (o que facilita a vida também de quem empurra um carrinho de criança). Não existe esquina sem sinal sonoro para deficientes visuais. As sinaleiras têm sensores que detectam se existem veículos esperando abrir o sinal. Se estou deslumbrada com toda a tecnologia e modernidade? Estou.



Mas estou ainda mais deslumbrada com o respeito pelos cegos e deficientes físicos. Com o respeito pelo tempo das pessoas. Com o respeito pelo meio ambiente, pois não passamos por 2 quadras sem que tenha diversas lixeiras, todas com informações sobre como reciclar seu lixo.



A água também é economizada: cada 4 minutos de água no chuveiro custam 50 centavos, o que nos ajuda a lembrar o quão precioso é esse recurso natural.

E a consideração com os turistas? Logo na chegada, já nos dão um chip de celular gratuito. É só colocar no nosso e seguir ligando, já que a maioria dos números de interesse para os turistas são 0800. Mapas, guias, placas de sinalização, folhetos turísticos, centros de informações abundam. A quantidade de coupons de descontos chega a dar nojo. E os guias de campings, com fotos coloridas e mais de 500 páginas, detalhando todos os campings do país, tudo absolutamente GRATUITO? Os neozelandeses com certeza já entenderam que o turismo compensa, coisa que os brasileiros ainda estão há milhares de anos-luz de perceber...



Mas isso não é nada: o que mais impressiona, mesmo, é a falta de grades. Casas lindas, com enormes janelões de vidro, sem uma mísera gradezinha para contar a história, sem muros, sem proteção contra violência. Aqui, imagino eu, quem fica atrás das grades são os bandidos, coisa que ainda não logramos no Brasil.

Mas estou enojada com outras coisas também. Estamos com nojo das nossas estradas. Aqui não se paga pedágio, e o asfalto é um carpete negro. Já aí...



Os banheiros públicos dá vontade de lamber, de tão limpos.

Nos supermercados, não precisa de caixas: os próprios clientes passam seus produtos pelo leitor de código de barras e pagam pelas mercadorias que estão levando para casa. Se os "superettes", como são chamados aqui, tivessem prejuízo com o uso deste sistema, já o teriam abolido, certo?

Nas redes de fast food, as máquinas de refrigerante ficam do lado de cá do balcão, para os próprios clientes se servirem, e um refill é liberado por copo.

Nesta mesma cidadezinha onde demos uma caminhada, também fomos num posto de diesel abastecer a nossa campervan (motorhome) alugada e, conversa vai, conversa vem com a atendente (enquanto o Peg enchia o tanque, porque aqui não existem frentistas), ela me contou que no ano passado passou um mês "mochilando" pela América do Sul - agora alguém me diga se conhece um atendente de posto de gasolina brasileiro que tenha tido condições de "mochilar" pela Nova Zelândia?!?


Também impressiona o respeito no trânsito: as pessoas andam atrás de nós quilômetros a fio nas estradas sem se estressar, sem buzinar, sem ultrapassar. Por que? Sei lá, deve ser porque é tudo tão lindo que não dá vontade de correr nas estradas e nós, com o nosso monstrengo de 7 metros, não passamos de 70km/h nunca.



Também chega a dar nojo das ciclovias. É até demais, não é possível que o Governo estimule tanto o esporte e um estilo de vida saudável. Tem ciclovia nas cidades inteiras, e FORA delas também! É, isso mesmo, paralelas às rodovias, existem ciclovias, ligando uma cidade à outra. Deu nojo de ver as pernas torneadas da carteira, uma coroa de dar inveja...eram pernas de quem passou a vida toda praticando esportes ao ar livre, andando de bicicleta, num lugar que dá prazer de fazer esportes...


Também dá nojo dos parques. Esta droga de cidadezinha minúscula tem um parque mais lindo que o outro. Pracinhas então, chegam a enjoar, de tantas (e nós somos obrigados a parar em cada uma delas, para o pequeno viajante se gastar um pouco, hehehehe...). Brinquedos enferrujados? Ahhhh, que diferença das pracinhas de Jaguarão...



Aqui, por incrível que pareça, os pedestres só atravessam a rua na faixa de pedestres, e esperam o sinal abrir!!! Não estacionam em lugar proibido (e quando os turistas o fazem, como presenciamos, são logo guinchados, sem arrego). Não se vê sujeira, nem um único toco de cigarro, jogado na rua. A gente se sente SEGURA em qualquer lugar, a qualquer hora. Dá até preguiça de trancar a campervan...


E não é que eu esteja simplesmente invejando a Nova Zelândia e falando mal do Brasil gratuitamente. Se se tratasse simplesmente de "falar mal", eu poderia dizer o mesmo dos Estados Unidos e da Europa, pois o "velho continente" não chega aos pés do desenvolvimento que eu vi em Taupo. Como pode a Oceania ter chegado a um grau de desenvolvimento tão alto na frente de todo o resto do mundo? Porque eu juro que não vi nem na Europa o que eu vi em Taupo...Repito, para que os mais fanáticos não me apedrejem: não se trata de endeusar a Nova Zelândia, mas apenas de tentar entender: como eles conseguiram???

Foi, realmente, uma caminhada "reveladora". A questão do pedágio (ou da ausência dele, no caso da Nova Zelândia), é emblemática: como eles conseguem apresentar aquele tapete asfáltico maravilhoso sem cobrar pedágio? Ou a pergunta certa seria: porque nós não conseguimos, pagando os mesmíssimos impostos???

Eu suspeito qual seja a resposta...





Para saber mais sobre a nossa Great Kiwi Road Trip, dê uma olhadinha aqui.

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Claudia Rodrigues Pegoraro

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6 comentários:

  1. Cláudia, Melbourne também é exatamente assim. Acho que vocês iam adorar passar uns dias aqui. Me avisa se vocês forem passar por Melbourne para a gente poder se conhecer pessoalmente, se quiserem têm pouso aqui em casa. Isabel vai adorar conhecer o Felipe! Me manda um email: maeviajante@gmail.com.
    Beijo
    Livia
    maeviajante.com

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    Respostas
    1. Só agora vi teu comment, Livia :-(
      Mas um dia ainda vamos a Melbourne, tenho certeza que vou amar!
      Quantos anos está a Isabel?

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  2. Uauuuu!! Deu vontade de conhecer...
    Refeletindo contigo, realmente é de ficar intrigado com tanta "evolução" por parte deles, né? Mas, como "evoluir" aqui se a corrupção não deixa?

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  3. Existe um mundo real e desenvolvido fora do Brasil. No Brasil tudo é mentira, teatro, como as CPI's que os corruptos tanto adoram para fingir que vão punir alguém. O Brasil é o inferno na terra, mesmo tendo uma das naturezas mais lindas do mundo. Mas, o pior, é que esse povinho ignorante e analfabeto, que é a grande maioria, adora toda essa bandalha e essa sujeira. Quanto mais corrupto e bandido, mais é reverenciado,

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