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a volta para casa e seus efeitos colaterais

Tenho que confessar: pouco muda quando se volta de uma longa viagem.

Quando a gente está na estrada, até se ilude que a vida vai ser diferente quando voltarmos. Que quando retornarmos vamos ser mais zen, fazer ginástica todo dia, se alimentar melhor, sei lá as “resoluções de retorno de viagem” de cada um. Pois são mais fajutas que as de ano-novo.

Para ser sincera, em mim, o que realmente muda quando volto de uma grande viagem, e já foram várias, por isso eu me conheço bem, é a vontade de viajar. Aumenta. Aumenta horrores.

Cada vez que a gente embarca para mais uma aventura, eu penso que essa sim, vai saciar um pouco a minha sede de conhecer o mundo, e me dar paz de espírito para acalmar o formigamento e ficar um pouco tranquila em casa. Desta vez, era uma volta ao mundo, praticamente. No roteiro, estavam muitos dos países que eu sonhava conhecer há tempos. Pensamos: “desta vez vamos voltar exauridos”.

Que nada. Quanto mais a gente viaja, mais fome sente. A gente conhece a Índia e pensa “mas porque não o Sri Lanka?” Fomos para a Indonésia, mas ficaram faltando as Filipinas. E o Tibet, que não nos deixaram entrar?! Agora teremos que voltar à China. Que coisa!!!

Mais uma confissão: isso é uma droga. No sentido literal da palavra. Vicia tanto quanto heroína (felizmente é bem mais saudável, e talvez não seja um vício tão caro). Às vezes eu realmente penso “como seria bom se nós não gostássemos tanto de viajar, se a gente não SOUBESSE como é bom viajar e como o mundo é grande e espera ser desbravado, se nós pudéssemos ficar mais tempo curtindo a nossa casinha, tirar umas férias para ficar em casa, quem sabe...” Mas não conseguimos. 

A gente tira férias e não fica um único dia em casa. No primeiro e no último dia das férias, invariavelmente, podemos ser encontrados no aeroporto Salgado Filho. A gente sempre pensa que, na próxima viagem, vamos retornar uns dias antes, para poder reorganizar a nossa vida com calma, fazer rancho no super, cortar o cabelo, desfazer as malas antes de recomeçar a trabalhar. Mas nunca dá: acabamos sempre voltando na véspera. Imagina, se nós fôssemos voltar uns dias antes de acabar as férias, sem atropelo, teríamos que abrir mão de ir a Amsterdam e Lisboa – vale a pena??? A minha resposta eu já sei.

Então, em suma, nos pais do pequeno viajante, o maior efeito colateral de uma grande viagem é nos abrir os olhos para novos destinos, nos dar mais fome de conhecer o mundo (já estamos pensando em como vamos gastar as milhas acumuladas – Punta Cana, Quito ou Ushuaia?).

Mas sempre nos perguntam qual é a reação do Felipe. Bueno, faz só uma semana que voltamos, chegamos em casa há poucos dias, e talvez ainda venha algum efeito colateral retardado mas, por enquanto, só o que eu posso dizer é que, a não ser pelo grude insuportável que ele anda com as avós e a Gil, nada aconteceu. Nadica de nada.

Toda a família ficava imaginando como seria para ele voltar para casa, se ele ia reconhecer as pessoas, se não ia ficar bichinho do mato, se ia querer se desgrudar de nós, ficar com a Gil em casa, reconhecer o quartinho dele, 1.001 conjecturas...pois todas as previsões se revelaram equivocadas.

O pequeno viajante foi, ficou 5 meses fora, e voltou como se nada tivesse acontecido, absolutamente NADA. Chega a ser sem graça! Não estranhou ninguém, reconheceu todos os lugares e até aqueles com os quais ele estava pouco acostumado, como a cama dele, hehehe...para dizer bem a verdade, nem os brinquedos velhos, que nós achamos que iam ser todos novidade agora, não causaram grande impacto. Resumindo, tudo como dantes no quartel-general, nada de interessante para contar no blog!!!

no dia seguinte à nossa chegada, brincando com a prima Cecília em Porto Alegre,
já totalmente readaptado, como se nada tivesse acontecido!!!

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Claudia Rodrigues Pegoraro

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2 comentários:

  1. Claudia Eu tb sofro dessa doença maravilhosa que é viajar!!!!
    Não fico um dia sequer das ferias em casa. No aeroporto da volta eu já estou na internet procurando o próximo destino.
    Não consigo tirar mais do que dois períodos de ferias por ano, mas o pouco que tenho é aproveitado até a última gota.... Kkkkkk

    Conheci se blog hj e já li praticamente inteiro.... Quando eu tiver meu pequeno(a) eu quero que seja um pequeno viajante com vários carimbos no passaporte... Rsrsrs

    ADOREI!!!!!!!!!

    Renata

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  2. Conheço bem essa doença...se alguém achar cura me avisa (não, pensando bem, não me avisa não, que no fundo, amo ter essa doença!)
    Bjs e amo as aventuras de vcs!
    @viagempimpolhos

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